Na minha sincera opinião, suas traduções estão acima do que poderia esperar de alguém que não é poeta em tempo integral. A linguagem de Rilke é única, é uma dicção que ele impôs à poesia universal, a tal ponto que toda a tradução desse poeta corre o risco de parecer uma imitação de seus inúmeros diluidores. Confesso que, não dominando suficientemente o alemão, comecei a conhecer Rilke em inglês, depois em francês; nenhuma tradução francesa dele me satisfaz; creio que a lingua francesa, com sua tendência cartesiana, não se presta para os subtons e penumbrismos tão caros ao poeta. Surpreendeu-me que tais nuances pudessem ser tão bem captadas em português, em sua tradução, principalmente nos poemas longos, em que sempre é mais difícil manter o tempo todo a peteca da efusão lírica no ar. Meus parabéns.
– Ivo Barroso.